Sunday, August 14, 2005


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a noite caiu e estatelou-se dorida no mais fundo de mim. suspirava muito baixinho num pedido urgente de ajuda, para que eu a ajudasse a ajudar-me. ou assim pensava eu. mas eu não a conseguia ouvir. acho que às vezes somos tão egoístas que não nos conseguimos ouvir a nós próprios. e era isso o que eu mais queria. ouvir-me. conhecer-me. encontrar-me para não me perder. mas quanto mais olhamos para dentro de nós, mais afastadados ficamos daquilo que queremos ser ou que achamos que queremos. e eu queria, ou achava que queria ouvir a noite e saber as suas histórias, conhecer os seus segredos para os poder aplicar em mim. e ela continuava a soprar-me a salvação que eu não ouvia por tanto desejar ouvir. mas um dia fartei-me. e chorei até que as lágrimas me pareceram absurdas. e esqueci-me de mim, da minha importância, da urgência do meu egoísmo.
e senti-a respirar. numa aflicão cada vez menor, sorrindo dentro do que é possível a noite sorrir.
e aí ouvi-a, percebendo o que ambas queríamos. e ela voou finalmente... regressando ao céu que era a sua casa. e iluminou-me.
e eu percebi.
não posso moldar as outras almas segundo a minha porque uma alma igual à minha não me pode completar. não posso puxar o que mais amo para dentro de mim, porque também quero ser amada. e desta forma, apenas eu me iria amar...

Thursday, August 11, 2005

Parabéns Miguelinho! :)

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Não posso deixar de te dar um grande beijinho e de te desejar tudo de bom neste dia tão especial :)
adorei conhecer-te miudo, és sem dúvida uma pessoa cheiiinha de valor, daquelas que temos sorte de encontrar muito poucas vezes ao longo da vida...
Que o teu futuro seja tão brilhante como tu... e espero que ao longo deste ano possamos recuperar os chocolates quentes que perdemos... (;

obrigada por me teres dado tanto de ti em tão pouco tempo... :)

be happy my knight... i'll be there 4 you... always :)

Monday, August 08, 2005

é em ti que morro todas as noites. é em ti que nasço todas as manhãs.
espreguiço-me soltando as amarras e deixo-te devagar, caminhando para a vida que cresce lá fora.

eis que chegam mil fogos postos por alguém que não sabe cantar. e arde o lume, e arde a natureza, e ardem pessoas, por dentro e por fora.
e volto a correr para ti. chorando o céu que se cobre num cinzento cerrado que mata as minhas estrelas.

mas a vida chama-me e eu vou.
e passeio no jardim, encantada com dois velhos que entrelaçam as mãos em duas vidas também entrelaçadas, num amor que resiste à fúria da tempestade. e sorriem-me.
e eu sorrio-te também, sonhando com as rugas que a felicidade lhes estampou no rosto.

e nasce um novo dia. e digo-te adeus.
atiro-me de cabeça, acreditando que a bondade das pessoas me lança uma cama elástica que me salva.
mas dou tanto de mim que fico sem nada e caio no chão, esmagada pela desilusão.
e lá estas tu outra vez, carregando o peso do meu corpo cansado, da minha perna em gesso, do olhar salgado, do coração partido.

e adormeço. rompe a madrugada e deixo-te novamente.
e a vida ainda não desistiu de mim. aceno-lhe e ela abraça-me, e navego... numa certeza que o horizonte é alcansável para quem lá quer chegar.
e volto para ti à noite, salto-te para o colo adormecendo entre os teus braços, contente com o que sou e o que tenho para dar.

mas a noite morre e vem outra despedida.
e perseguem-me crianças mortas de fome. pessoas maltratadas. vidas que morrem por não saberem sonhar.
e vem o primeiro beijo. o primeiro sonho. a perecepção que a felicidade não foge, está sempre onde queremos estar.
vêm perguntas, vão respostas. desilusões impensáveis do amigo mais próximo, surpresas agradáveis de quem julgávamos querer-nos mal.

e volta outro dia, e outro, e outro...
mil dias, mil sonhos...

e rio. e choro. e salto. e caio.
e grito. umas vezes de dor, outras de prazer.
mas volto sempre, sempre a ti...

e tu embalas-me, proteges-me da noite, mostras-me o céu.
ajudas-me a encontrar as minhas respostas.
e nunca me deixas cair.



este é para ti, minha cama.

Thursday, August 04, 2005

uma baralhada de perguntas, sentimentos.
momentos.
instantes.
brilhos que se acendem e se apagam e reacendem num qualquer outro lugar, num qualquer outro coração menos assustador que o meu.

e perco-me.
numa imagem.
num beijo que me sorri.
e uma revolta, um desejo de recuperar as vidas que já vivi mil vezes mas ainda não senti.

e as estrelas são apenas pontinhos no céu.
e as nuvens são só curvas incertas que alguém desenhou.



e formam-se pegadas na areia. não as faço, apenas surgem... querem que siga por ali. pé esquerdo, pé direito... e eu sigo... em frente, sempre à beira-mar, evitando uma concha pontiaguda aqui, uma estrela do mar ali... não deixam que volte para trás, não me deixam parar.
mas paro.
não quero que me guiem, não quero que escolham a areia que me toca a nudez da pele.
e vejo-as... continuando o seu caminho, uma após a outra... cada vez mais longe, num futuro solitário que não quero e não escolhi.

viro-me de costas, a espuma do mar matou-me o passado.

e olho à minha volta...
mil trilhos, mil futuros, mil quadros para pintar com as cores do arco-íris...

e sigo...
em frente...

equílibrada nas linhas de um poema confuso.
como este.

como eu.

Monday, August 01, 2005



sentada.
no chão.
o tempo rouba os vestígios da razão.

o olhar.
distante.
numa viagem que esqueceu o viajante.

o champanhe.
aberto.
e uma festa que acabou num sonho incerto.

uma porta.
fechada.
e o desespero de quem não sabe nada.

os ventos.
perdidos.
de quem procura mas não encontra os sentidos.

a sombra.
em pé.
a levantar quem por pouco perdeu a fé.

um grito.
além.
que resgata um qualquer outro refém.

e tu.
por fim.
que salvas todos os pedaços de mim...