Sunday, November 09, 2008


Bebes a última gota de um copo sem fundo, vira-lo ao contrário na esperança de o ver chover. Alarga-se a terra para te abrigar, sentes-te engulir. Os ponteiros rodam do avesso, arrastam-te num futuro que não queres repetir. Cantas. Passos largos pela rua, ombros tensos num olhar serrado. O que procuras de tão grande? De que te escondes de tão assustador? Os medos agarram-te, desembaraçam-te os gestos. Não sabes onde estão, só que estão por todo o lado. Passas na passadeira, aquela que construíram para os outros peões que não tu, e perguntas-te como será passar uma vez com o semáforo verde, como se todos os teus caminhos não fossem proibidos por bloqueadores carrancudos. Sentas-te no banco, choras o amanhecer. Choro contigo, quero esverdear todos os sonhos da tua vida. Por favor, não te deixes vencer.