Wednesday, February 07, 2007

sentei-me no chão a teu lado, enquanto o mundo anoitecia lá fora. olhei-te e segui os pirilampos que guardas no olhar, à procura da entrada para a minha saída, como tantas outras vezes. subi a tua escadaria e procurei o sentido no avesso de mais um dia. descansei-me em ti e devagar segredámos passados, suspirámos desejos rasgados do peito e reunimos as tempestades na tua e na minha mão soprando ao mesmo tempo e sorrindo para as ver desaparecer.

aprendi que na noite mais escura, quanto maior é o que temos maior o vazio que vemos. descobri que é dificil andar para a frente quando custa olhar para trás. que no dia mais frio o lume não acende e é tão fácil fechar os olhos e esperar pelo verão. mas ao procurar dentro do que somos, encontramos um momento em que apetece mudar, transformar o medo em vontade de vencer e sentir que depende de nós mais do que de qualquer outro alguém.

e por isso me sento a teu lado sempre que o mundo anoitece lá fora.
dou-te mais um pouquinho de nada para construirmos aquele tudo e surge o breve instante de podermos ser iguais a nós, largar as defesas com que a vida nos prende e adormecer o medo num abraço fechado porque no nosso mundo não temos receio de ficar.
o gostar não tem limites nem justificação.
mas é este gostar que nos conforta os sentidos e apaga o pó da tua e da minha alma, e sem querer há uma nova vontade de mudar no sorriso que nos adormece, para que o acordar nos lembre que somos o que queremos fazer de nós.

e incrivelmente em todos os dias que se viram do avesso, tens sempre mais um pouquinho de nada para partilhar e mais um vazio para me preencher.

é bom embrulhar o fim do dia em cumplicidade.
mas melhor é desembrulhá-lo na manhã seguinte e saltar da cama com um sorriso no coração por descobrir que não és só um sonho.

12 comments:

Lua said...

:')
[tive de pôr palavras tuas no meu blog... espero que não te importes... mas há coisas que realmente consegues desenhar com as palavras certas :*]

Anonymous said...

"somos o que queremos fazer de nós."

respeito a tua posição e desejo-te que sejas feliz...
parabéns pelo texto

Anonymous said...

Impressionante! Fantástico!!
****************************

R. said...

gosto de ti. tanto!

Anonymous said...

Adorei conhecer-te e agora gostei de ler-te! muito bom o texto. Beijinho* :)

Anonymous said...

saudades..

linfoma_a-escrota said...

PORTO SEGURO

Segura-me o coração
mais uma vez, como se fosses um milagre
afasta terrorista escuridão,
finge que não se faz tarde,
que o veludo não esconde um sabre
e que não passo dum peão
a jogar aos amantes,
entre hábitos de ilusão onde
perdemos toda e completa noção
da importância dos momentos.
Se te sentires com sorte vem matar-me novamente,
sem pressas possessivas, tanto silêncio é que não.
Deixa-me descansar
no delicado refúgio onde nos ensinámos
a desperdiçar
cada mentira esquecida na pressa,
ignorei o futuro que sofremos.
Não sei se estás sozinha a
disparar contra a culpa, na tua razão,
não mereço a mera pergunta, envergonho-me
com tua presença, vivo deuses
de memórias agitadas
que não se cansam de esfolar os joelhos
e implorar pela cura,
por fim adornado com algo mais,
por gesto que te dê a conhecer
novo dia, com outro nome,
como se fosse a primeira vez

www.motoratasdemarte.blogspot.com

in fotosintese 2003
j.m.

Anonymous said...

parabens piiiii .... ha mt k eu n "ganhava" algum tempo para vir ao teu blog e deliciar me com este espectaculo de sentimentos :P:P

gxtiiiii miuda ** foste uma das grandes arquitectas da pessoa na kual m tornei e por isso t serei eternamente grato :D

Fran

c.bruno said...

Porque é que quando te leio se desenha sempre um grande sorriso nos meus lábios? :) *

Anonymous said...

Parabéns Joaninha =]

A diferença do que sei hoje ao escrever para o que sabia da outra vez que aqui deixei a minha marca...
Já tinha saudades de ler qualquer coisa tua, só mesmo tua, não uma tradução do Rouvière que fizeste para a apresentação de anatomia ou ou o apontamento que sai no momento!!
Beijinho grande Joaninha =*


"e hoje deixei
de tentar erguer
os planos de sempre
aqueles que são
pra outro amanhã
que há-de ser diferente
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu"

=]

Anonymous said...

Há já muito tempo que aqui não vinho, por várias coisas que quando aqui chego, se transformam em nada. Mas ainda bem que vim, para respirar dessa brisa com que colas as tuas palavras aos sentires que tantas vezes são nossos, mas que também tantas vezes rejeitamos estúpidamente.

Bem-hajas

Ricardo said...

Tens um prémio à espera no meu estaminé ;) **