Saturday, October 07, 2006




a cidade já antiga, conta histórias em cada encruzilhada. num movimento apressado fogem sonhos que outrora brincavam pela avenida e agora a abandonam perdida no meio da noite.
nas paredes lêem-se pessoas entranhadas em relações confusas. como se as relaçoes pudessem não o ser. e uma banda sonora daquelas que abana os sentimentos acorda a vontade de as conhecer a todas, de lhes mostrar que fazem diferença só porque demoramos nelas um pouco o olhar. e queremos sorrir-lhes, numa confidencia de estranhos que lhes acalma o sentir porque todos estamos sós e passamos a vida a tentar fugir a essa certeza tão dificilmente contornável. mas em vez disso olham-se em segredos, choram e riem e vemo-las ao longe, desejando com toda a força ser elas ou fingir que o somos e mudar de caminho, saber porque choram, porque riem, e rir e chorar por outros motivos que não os nossos.

e então, despidos pelo medo de seguir em frente caímos de para-quedas num corpo que é o nosso e que não tem porta de saída. assim, olhamo-nos nos olhos e mal conhecemos este olhar com que vivemos o mundo e que tão pouco fala do que aprendemos a ser e queremos contar para quem vier. e o corpo tem uma estrada a seguir que afinal ajudámos a construir e sentimos os nossos passos namorar a calçada mal iluminada enquanto pontapeiam caixas de cartão esquecidas ao relento.

e seguimos, pé ante pé para não acordar os ligeiros suspiros de lembranças de um anoitecer por entre risos e conversas familiares.

e choramos.
não por ir, mas por não poder ficar.
não por partir, mas por nos partirmos em dois bocados que não sabem viver sozinhos.

11 comments:

Anonymous said...

Eu vou estar sempre aqui
Nada vai mudar
Sinto-te arder no meu fundo
Eu vou estar sempre aqui
Nada vai mudar
Sinto-te entrar no meu mundo
Fundo

adoro te:D

R. said...

voces vao conseguir :) eu juro que acredito.
mas é uma pena nao poderes ficar :(

Anonymous said...

Amei miúda, simplesmente amei a forma como escreves, como descreves nas tuas palavras lindas coisas tão comuns e despercebidas ao nosso olhar! como descreves escrevendo como sentes, pensas sentir ou tens medo de vir a sentir!
Parabéns pelo nome do teu blog, é sem dúvida uma das minhas expressões favoritas numa língua não materna, "serendipity", significa algo realmente belo, como o tom da própria palavra!
Parabéns mais uma vez e espero vir a ajudar-te a escrever mais uma página da tua vida, mais um post o teu blog, mais bons momentos a recordar!
Vais ver que a tudo sobreviverás... =)

Beijinho grande**

TM said...

Excelente joana :) e agora, vens todas as sextas feiras prometidas jantar connosco?.. tenho saudades tuas e do teu miguelinho... * Beijo "droga"

Anonymous said...

os teus textos são sempre tão bonitos... :)
beijinho

Anonymous said...

Sentes que um tempo acabou,
Primavera de flores adormecida.
Qualquer coisa que nao volta que voou,
Que foi um rio, um ar na tua vida.

E levas em ti guardado
O choro de uma balada,
Recordacoes de um passado,
O bater da velha cabra.

Capas negras de saudade,
No momento da partida.
Segredos desta cidade
Levo comigo para a vida.

Sabes que o desenho do adeus
E' fogo que nos queima devagar
E, no lento cerrar dos olhos teus,
Fica a esperanca de um dia aqui voltar.

E levas em ti guardado
O choro de uma balada,
Recordacoes de um passado,
O bater da velha cabra.

Anonymous said...

Admiro esta capacidade de abstracção e a excelente qualidade dos textos.

Muitos parabéns! Keep it going...

R. said...

snow falling gently to the ground
(...)

walking with you in the winter snow
kissing underneath the mistletoe
people smiling everywhere we go
it's xmas eve
and they can see we're in love

you make the season bright
with the lights reflected in ur eyes
all my dreams are comming true tonight



:)

D said...

poes todo o coracao em todo o q escreves.. so pode resultar em grande beleza :)

TM said...

estou a espera do cafezinho.. :) beijinho *

linfoma_a-escrota said...

SANTUÁRIO

Por tudo, tanto e muito mais
dispenso descrições,
nem todas as ninfas das religiões antigas,
nem todos os poemas emersos em compreensão e génio
com suaves imagens aliterantes e arrebatadoras
seriam capazes de expressar
a perfeição, a calma, o carinho mútuo
dos efeitos da presença que teu cheiro tem sobre mim.

Juntos descobrimos o limite impensável em nós mesmos,
todos os pequeninos e quentes vestíbulos desta escola
fazem lembrar as mágoas partilhadas, a podridão criticada
e a imediatez juvenil acompanhada com tremoços.
Para sempre recordarei tanta psicose alimentada nas
intermináveis formas dolorosas de analisar a personalidade,
adormecido de ouvido junto a teu seio ouço o vento e o coração,
ambos sonham palpitantes por vidas de ócio e razão de ser.

Doces picadelas aumentam a fragilidade, como drogas novas,
desde daquela noite florescem visões apocalípticas
de espinhos verdes em palmeiras marroquinas cheias de tâmaras
(irónica coincidência ter-te conhecido).
Lágrimas proféticas sobre azulejo azul
desprezam a ignorância dos fantoches,
matam a Insegurança e afastam a Indiferença,
qualquer local serve desde que estejamos juntos.
Nada mais interessa, para além da separação,
do que a raiva de termos que viver à pressa.
in fotosintese 2002

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