Friday, November 11, 2005


Apertou o cachecol e fechou a porta de casa para ir comprar o bolo. A noite estava ja iluminada e disfarçara-se de carteirista roubando-lhe sorrateiramente o calor. Ia atravessar a estrada mas algo o fez voltar-se. Olhou pela janela e lá estava ela, em bicos de pés a enfeitar a árvore de Natal.
Nunca mais esqueceria o dia em que a conhecera. Era um dia de inverno como aquele e ele estava a estudar no café da esquina. Ela entrara a tremer toda encharcada e olhara à sua volta, mas não havia mesas livres. Como era bonita... Ele sorrira-lhe e oferecera-lhe um lugar na sua mesa que ela aceitou agradecida. Não trocaram mais palavras, não foi preciso.
E agora, mesmo depois de tantos anos passados ela continuava a ser tudo o que ele queria. E ele tinha tanto orgulho nela, no que se tornara, na sorte que tinha por a ter conhecido. Continuou a aprecia-la pela janela e assistiu à entrada dos miúdos na sala. Estavam tão grandes e sempre que os via tinha uma vontade imensa de os abraçar, tão parecidos eram com a mãe. Ele amava-os, como a amava a ela. Subitamente, a filha reparou nele à janela e disse-lhe adeus com a mão pequenina.
- Mãe, olha o vizinho.
E ela foi à janela, aproximou-se dele e fechou as cortinas bruscamente.
E ele foi-se embora, triste, despedindo-se de um futuro que nunca fora o seu.

2 comments:

R. said...

fantastico... fiquei com pena do vizinho :(


aii minha romantica linda (:* eu adoro voce*

bom fim de semana joaninha

Anonymous said...

que história bonita, joaninha..gostei tanto!beijinhos linda****