Monday, July 18, 2005


Posted by Picasa

Sentei-me na sombra da árvore como mil e um haviam feito antes de mim. Respirei fundo encantada com a possibilidade de me esconder naquele bocadinho de mundo e observei a vida como quem vê um filme que em nada lhe diz respeito.
E vi realmente outro mundo. As pessoas corriam desenfreadamente para entrar e sair do autocarro, fumavam um, dois, três cigarros num nervosismo mal disfarçado, olhavam repetidamente para o relógio e temiam o tempo como a batata quente que escalda se nao fugirem dela.
A sua urgência alastrava-se e acelarava as batidas dos corações das pessoas que as rodeavam até que em pouco tempo todos estavam infestados. Eu mantinha-me serena, lamentando aqueles que passavam sem reparar que o mundo tinha muito mais para oferecer e sabendo que seriam poucos os que se lembrariam daquela paisagem bonita.
Foi então que o vi.
Estava sentado num banquinho, com as maos trabalhadas pela vida sob as calças cinzentas fora de moda. O seu olhar era longinquo mas apesar da distância e dos óculos, o seu brilho cor-de-água nao passava despercebido. Aquele, pensei, era quase tão velho como o tempo que as pessoas temiam, e talvez fosse por isso que ninguém se aproximava do banco de jardim...

"Parado e atento à raiva do silêncio
De um relógio partido e gasto pelo tempo
Estava um velho sentado no banco de um jardim
A recordar fragmentos do passado

Na telefonia tocava uma velha canção
E um jovem cantor falava na solidão
Que sabes tu do canto de estar só assim
Só e abandonado como o velho do jardim?

O olhar triste e cansado procurando alguém
E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver
A imagem da solidão que irão viver
Quando forem como tu
Um velho sentado num jardim

Passam os dias e sentes que és um perdedor
Já não consegues saber o que tem ou não valor
O teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim
Para dares lugar a outro no teu banco do jardim
O olhar triste e cansado procurando alguém

E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
Sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
A imagem da solidão que irão viver

Quando forem como tu...
Um resto de tudo o que existiu...

Quando forem como tu....
Um velho sentado num jardim"

5 comments:

R. said...

simplesmente fabuloso... eu nunca vi ninguem de calças cinzentas e rugas no banquinho do jardim... :$

[ate parece q tenho escrito muito sobre aquilo! :| lool]*

Anonymous said...

Cá está 1 texto k decalca ao promenor o frenesim da nossa realidade do dia-á-dia...tanta preocupaçao com os ponteiros do relogios e tanto despreso ofrecido a nossa vida e ás coisas simples , mas provavelmente as mais lindas k existem...realmente é preciso fazer 1 pausa nesta loucura para nos aprecebermos k está 1 mundo enorme á nossa volta cheio d coisas e pessoas execionais...obrigado linda por me (nos) chamar atençao para coisas lindas como a amizade , amor ... e para pessoas execionais ou unicas como tu... bjao princepessa...

Anonymous said...

Ora aqui está um texto sobre o qual muito se poderia dizer. Fala de solidão, de envelhecer, da correria do dia-a-dia, do não querer ver o que se passa à nossa volta... talvez assim jnos convençamos da ilusão que criámos em redor de nós porque a realidade muitas vezes é cruel... ou pelo menos cria desilusão.
É triste envelhecer sozinho. Não é feia a velhice, é antes feio o vivê-la só. Acho que não há nada mais belo do que ver um casal de idosos que são ainda companheiros de vida. E tão raro que isso é.
Quanto à solidão... apercebi-me de que uma coisa é estar só outra é viver na solidão. Por vezes é bom estar só. É bom ter tempo para nos encontrarmos com nós próprios. Quando a nossa companhia nos sabe fazer feliz talvez a solução seja mesmo viver só.
Beijos*****

Murdoc said...

Gostei muito do texto. Realmente, as pessoas hoje em dia, e se calhar desde sempre, andam num frenesim que nem reparam nas coisas boas e simples que este mundo tem para oferecer. Este texto ajudou-me a ter um pouco mais de esperança para que as pessoas um dia "acordem" e reparem no outro Mundo que as rodeia..
Um bejo

Anonymous said...

epa é assim...fabuloso! mas parece uma musikinha o poema...tem refrao?:) mas axo k abordast um tema mto bom! ca eu sp olhei para os velhinhos, fazem me xorar...axo muito trist haver tanta gente k ja viveu tanto e k fez tanta coisas e tem tantas experiencias e valores e sabedoria, tanta coisa pra contar, ser deixada ao abandono so pk mtas xs a memoria n da pra tanto...! é mto trist! continuo a dizer k deviamos nascer velhos e morrer bebes;) e ir pro kentinho... ok...agr dava pra ser porca mas nao!lol
:P
*****