shadow

Estava a anoitecer e senti que estava a ser seguida... olhei para trás e lá estavas tu, apenas tu, como sempre. tu, que estás comigo em cada dia e conheces todos os meus passos, os meus gestos, podes-me ajudar? tu, que cais quando eu caio e te levantas ao mesmo tempo que eu; que fazes o que eu faço, [que sentes o que eu sinto?]

tu, amiga ingrata, que apenas me acompanhas quando ha sol e me deixas sozinha à chuva e perdida na escuridão da noite; tu, que és parte de mim, consegues afastar-te e veres-me de fora? (para dentro de nós?)consegues sentir que há dias que sou tão grande e outros em que sou tão pequena? consegues perceber que há momentos em que me sinto capaz de mudar o mundo e outros não me consigo sequer mudar a mim própria? como pareço vista aí de baixo? sou tão desfigurada como tu? sou tão negra como vi hoje no meu reflexo ao espelho e em ti, no chão? axas que sou alguém?

tu, que tens o poder de me tornar gigante quando me orgulho de mim e tão pequena quando tenho medo de me ver, que me acompanhas e te infiltras em todos os meus momentos [mesmo os mais privados...] sem que ninguém dê por ti, sem que ninguém saiba da tua presença... podes-me estender a tua mão [a minha?] agora? consegues ligar-te ao sol e indicares-me a minha direcção, o meu norte? consegues, sem ele ver, roubar-lhe um raiozinho e pintares-te com a sua luz? e achas que depois, quando olhar para ti, [quando olhar para mim]... me vou sentir brilhante? [will it keep me safe from harm?]