Friday, June 24, 2005

Posted by Hello


ele tinha 16 anos e queixava-se da vida. estava farto do relógio que se repetia constantemente, como de tudo o resto que não sofria mudança. viva emaranhado nas regras que a sociedade criara e tinha que seguir um comportamento rígido para ser respeitado. acordava com os caprichos do despertador, levantava-se às horas que o comboio exigia e passava os dias na escola, como todos esperavam que fizesse. mas ele estava farto. irritado, deprimido, triste... sobretudo triste, com todo o sofrimento que a vida o obrigava a enfrentar, a vida que nunca pedira para viver.
por vezes, olhava para os animais e invejava-os. tinha vontade de rebolar na relva como o cão da vizinha e perseguir o gato pelos telhados da noite. mas não podia. queria ser livre. ter um carro para fugir para onde lhe apetecesse e um trabalho que o sustentasse. queria ser independente. queria crescer.
nessa noite, viu uma estrela cadente. olhou-a com os sentidos bem despertos e segredou-lhe o seu desejo, adormecendo com um sorriso gratificante.
de manhã o despertador não tocou. esfregou os olhos com preguiça e imediatamente arregalou-os sentindo um misto de espanto e horror. não sabia onde estava. saiu do quarto que não era o dele e dirigiu-se à casa de banho. as suas sobrancelhas levantaram-se um pouco ao olhar o estranho que o enfrentava em tronco nu. o estranho levantou as suas sobrancelhas também. tentou articular uma interrogação mas imediatamente fechou a boca após concluir que o estranho a abrira simultaneamente. o estranho era ele.
olhou-se com atenção e viu pela primeira vez a barba que lhe escondia a cara [a barba que tanto desejara até à noite anterior]. tinha o peito coberto de pêlos e a barriga avantajada descaía sobre o elástico do pijama já velho. as olheiras pintavam-lhe os olhos e os braços adormeciam flácidos pelo tempo e desuso. o cabelo já branco sorria-lhe ironico à medida que ele tentava não gritar.
a casa estava vazia das fotografias da sua vida, da vida que não vivera. os livros deitados na prateleira afundavam-se na poeira dos romances que não quisera, do amor que sempre rejeitara.
- quem sou eu? - pensou.
de repente, o despertador tocou. o rapaz levantou-se com gosto e pela primeira vez em muito tempo sorriu, pensando em todas as histórias que ainda tinha por viver...

a vida arranca-nos o cordão umbilical e pára-nos o coração antes de um piscar de olhos. não há tempo a perder, não há tempo para sofrer... só há tempo para viver!

3 comments:

R. said...

o rapaz deve ter apanhado um susto de morte e acho que ficou a pensar: naaaaao quero ir pra escolaaaaaa...pleeeeease :P

beijinho joaninha... gostei muito (: temos tempo para tudo nesta vida

Anonymous said...

Gostava de saber onde foste buscar as primeiras 10 linhas, quer dizer, eu sei onde foste buscar isso mas eu tenho 17 anos nao 16, e se foss um animal nao seria um cao, porem tambem os invejo. Depois o texto la descamba po lamechas com a estrela que aparece e com o segredinho e tal... e um sonhos quase real que acabou duma maneira que ninguem esperava xD - mas nao deixa de estar magnifico ;)
s3rendipity's touch =D ** kiss **

Anonymous said...

La venho eu d novo invadir!! mais uma vez gostei mt do texto e axo k s identifica mt com o pessoal da nossa idade.... ma sinceramente eu n m identifikei nada!! Tenho orgulho em dizer k nuca tive numa idd tao boa e por mim n fazia mais anos (e pensar k tou kase nos 19...) axo k tds os momentos da nossa vida são para aproveitar e um dia mais tarde n kero olhar pa tras e pensar "Tanta coisa k gostava d ter feito e n fiz....."
Bjinhos joana n é?