Thursday, November 03, 2005



Sentei-me no café, cheio de estranhos como eu. As nuvens lá fora tapavam a solidão daqueles que fogem da tempestade e se escondem da vida, sem um coração para se abrigar nem campos abertos para correr. E eu bebia o meu café, devagar, sentindo o calor que nem ele me podia oferecer.
Olhei para a janela nublada e vi muito para além do que havia para ver. Vi a rotina em cada gota que cantava cronologicamente no vidro da janela, lembrei todas as rotinas que deixaram de o ser. Senti os sabores emaranhados de um verão diferente, despedi-me de todos os comboios em que fui e não voltei. E o tempo foi morrendo, como todos os passados que não conseguimos agarrar. E reparei em mim. Fui a única que não perdi. E queria tanto tanto...

voltar àquele trilho, àquela noite, àquele sabor, àquele abraço.
queria tanto deixar de ser indefinida.

2 comments:

Ana said...

tb queria deixar de ser indefinida. mas n o somos todos? tb n sei cm definir que adoro os textos mas a verdade é essa;)
beijinhoo

Lua said...

a autodefinição é algo q ñ é nada fácil. e custa quando parece que já nem a nós nos conhecemos. mas há qq coisa q não deixa de brilhar cá dentro, mesmo q a escuridão teime em avassalar tudo por dentro. não sei dar o nome a essa força, mas sei q a tenho. ta como tu e como mutia gente. não deixes morrer o que trazes de tão bonito no chão da tua alma.
continuo a seguir tudo o q escreves e a sentir como q uma espécie de conforto por saber q não sou a única a sentir as coisas de maneira diferente.
jinho enorme