romance celta

mais uma noite...
mais um romance celta devorado furiosamente à luz da cidade adormecida.
que desejo... o de esquecer este mundo material e experimentar so por um dia a intensidade da vida naquelas historias. talvez podesse ficar com o papel de uma das personagens. daquelas que sao as escolhidas pelos feiticeiros a quem ja ninguém liga e têm um papel desmesurado, carregando aos ombros o destino do seu povo. e depois sofrem... sofrem e vivem com uma força que se perdeu nas gerações antigas e pouco ou nada preside na actualidade. quase que vos ouço perguntar... 'que tem isto de bom?' deixem-me adivinhar... nunca leram um destes livros? bem me parecia...
imaginem-se entao, num tempo em que os rios correm devagar como que num exercício matinal, a floresta apenas abre o seu caminho àqueles que têm bom coração e a natureza ri-se com as crianças que a ela se entregam. imaginem um mundo de homens e mulheres fortes de beleza há muito desaparecida, unidos por pedrinhas magicas de diferentes cores e com uma força sobrenatural, que vencem tudo e todos por um amor que ninguém excepto eles próprios julgava possível. imaginem todos os sentimentos no maximo da sua pureza, sem enganos nem desenganos, com dor mas uma dor sempre inocente e nunca provocada. imaginem as sensações trocadas entre dois amantes pertencentes a povos rivais, em que as palavras sao imcompreensíveis e desnecessárias e [tal como ainda hoje, apesar de os homens teimarem em usá-las para mais tarde descobrirem como eram desprovidas de sentimento] e os gestos valem dois mundos.
imaginem os vossos passeios ao longo dos montes infinitamente verdes, os mergulhos e as brincadeiras no lago, as noites ao relento protegidos apenas por um cobertor azul-estrelado que garante protecção e ensina as maiores lições de vida. sonhem-se à volta da fogueira, na época em que os homens ainda nao tinham tornado muda a noite, ouvindo a harpa da rapariga loira desejada por todos, que canta histórias de fadas, proezas e glórias. esqueçam que alguma vez alguem inventou outras formas de amor, esquecam a ciência que tanto trouxe mas tanto estragou e como eu... vivam estes dois minutinhos, nao vos peço mais... num mundo que nos traz uma calma de espirito inimaginável e que quando acordamos nos faz sentir que também nós podemos viajar ao longo de todo o mundo e encontrar os sonhos que pareciam tão pequeninos quando fixavamos um ponto na parede do nosso quarto...

obrigada inesinha, por esta paixão que partilhamos e por estes momentos tão bons que me dás :)