sentou-se no ramo cortado da árvore e ouviu o passo da noite. caminhava devagar, estrela por estrela, para não acordar ninguém. olhou à sua volta para verificar se estava sozinho e escondeu a mão pequena no bolso. ansiara por aquele momento, na expectativa de descobrir o que estava dentro do pequeno livro. tirou-o para fora e olhou-o demorado. aliciado, sentiu a sua textura numa tentativa de adivinhar o seu recheio. a capa brilhava debaixo do lençol escuro, em letras prateadas onde se lia história de mim. olhou para a parte de trás do livro. na capa viam-se imensos nomes de pessoas que imaginou serem futuras personagens da sua vida. sorriu. estava ansioso por se reencontrar com menos palmo e meio. reler a sua história na incapacidade de a reviver. queria voltar a brincar naquele tronco, namorar às escondidas e saber o que vinha agora, depois da noite dar o seu passeio e voltar para casa. queria saber para onde ia.
abriu a primeira página.
em branco. virou-a. viu a segunda, a terceira. brancas. nervoso, folheou o livro numa tentativa de procurar um vestigio de si. nada. por fim, viu uma mancha colorida que espreitava a meio do livro. o coração batia desenfreado enquanto as mãos tremidas tentavam chegar à pagina. abriu-a. espantando, olhou-a e olhou-se. na página via-se o passeio da noite. caminhava de estrela em estrela para não acordar ninguém. e no meio da noite, lá estava ele, olhando-se de frente, sentado no tronco da árvore com o livro na mão. sorriu. o rapaz do livro seguiu-lhe o movimento. então, tirou um lápis do bolso e desenhou um caminho até ao horizonte.
é para ali que vou - disse.
e o rapaz do livro levantou-se do tronco da árvore e seguiu o caminho traçado no chão. passeou pelas páginas da sua vida, umas vezes à frente da noite, outras ao seu lado. quando era muito escura e fazia barulho dava-lhe mais estrelas para silenciar os seus passos. não voltou atrás. a memória era como os cromos que coleccionava. para quê repetir os momentos inúmeras vezes quando há sempre tantos mais para descobrir? e andou, de página em página, deixando para trás um registo invisivel do tesouro que estava escrito apenas dentro de si. e no horizonte, foi apenas mais uma história que vale a pena ler por se escrever com a tinta da coragem e da vontade de chegar ao fim. e no salto para a capa de trás, desapareceu, e deixou o seu nome e um livro em branco... para que viesse outro alguém e escrevesse a sua história.
para eu hoje tentar escrever a minha.
Saturday, June 17, 2006
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8 comments:
ta brutal msm... mto bom!!
dos melhores q ja li msm!!
"a memória era como os cromos que coleccionava. para quê repetir os momentos inúmeras vezes quando há sempre tantos mais para descobrir?"
ora.. ai esta=P nao chegava la=P beijinho grande;)
ahh e tal.. e n gosto mto... LOOOL **** bruuuuuuuuutaaaaaaal=P
Uau. E mais nada =)
Beijinho*
às vezes quando vemos uma página em branco, olhamos a medo. na incerteza de querer escrever ou não. porque há sempre tanto para viver. e se não for assim? e se me enganar? não posso voltar atrás. a tinta é permanente, e não gosto de rasgar páginas. pois não. mas aí é que está a intensidade da vida. é vivê-la. e reter todos os momentos como únicos. aprender com eles. é dar valor a cada traço, a cada desenho, mesmo que não chegue a passar de um rascunho. porque a vida é feita de rascunhos, de momentos, de sentimentos, das pequeninas coisas que guardamos por dentro e cujas palavras não são dignas de definir. vive-se e pronto. vive e pronto. porque sei que tens muito dentro de ti. porque sei que andas de mão dada a uma centelha linda que espero que nunca percas.
:*
ai linda, está fantástico.. mais uma vez, não é?para variar...não há como aproveitar cada instante da vida, guardá-lo na memória, ou no livro da nossa vida, mas seguir em frente, sempre em frente porque "para a frente é que é o caminho" ..;) bjinhu gand=)*
impossible is nothing
somethings are truly impossible .... bjao princepessa **
ahhh agora é que eu percebi de onde vem a pic :)
siiiim :) nos ja percebemos que tu gostas muito deste texto e desta imagem mas até é um crime privares quem nao tem nada para fazer de ver coisinhas bonitas como os teus textos :$
(n imaginas a lata que as pessoas as vezes podem ter!!!)
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